"Vestir um Conto"
Partimos do conto "A Fada Oriana", do seu encontro com um espaço emblemático da cidade de Guimarães, e procuramos a materialização deste encontro em objetos de carácter performativo.
Objetos que interpretem não apenas o conto mas este encontro único entre estes dois mundos, o da fantasia e o real.
Trabalhamos a interpretação de conceitos em formas e a articulação destas com o espaço do corpo na criação de objetos únicos.
De cada grupo nasce uma visão única, função do espaço eleito e da interpretação que faz do conto, que se materializa no conjunto de peças expostas.
Mais uma vez, os nossos aspirantes a designers surpreenderam-nos com peças maravilhosas.
Grupo 1
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Altruísmo
“E TODAS AS MANHÃS, ORIANA A AJUDAVA A APANHAR OS RAMOS E TODAS AS MANHÃS A GUIAVA À CIDADE, POIS A VELHA VIA MUITO MAL E O CAMINHO QUE IA DA FLORESTA PARA A CIDADE PASSAVA AO LADO DE GRANDES ABISMOS ONDE A VELHA PODERIA CAIR SE A FADA NÃO A GUIASSE.”
O altruísmo retratado numa peça simples e clara que traduz um sentimento sincero e puro. A sua forma remete-nos para uma sensação de proteção e abrigo e que é característico de Oriana ao proteger tudo e todos. A sua pureza, ingenuidade e inocência é expressa numa cor clara e decerta forma transparente, acentuada pela textura lisa dos leves materiais que a compoem esta peça.
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Reflexão
“ E QUANDO ASSIM ESTAVA A OLHAR PARA O PEIXE VIU A SUA CARA REFLETIDA NA ÁGUA. O REFLEXO SUBIU DO FUNDO DO RE- GATO E VEIO AO SEU ENCONTRO COM UM SORRISO NA BOCA ENCARNADA. E ORIANA VIU OS SEUS OLHOS AZUIS COMO SAFIRAS, OS SEUS CABELOS
LOIROS COMO AS SEARAS, A SUA PELE BRANCA COMO LÍRIOS E AS SUAS ASSAS COR DO AR, CLARAS E BRILHANTES.”
Reflexão...O tema de uma peça que nos eleva e exalta. Uma peça que ilumina o caminho de transição do bem para o mal.
Onde o altruísmo rapidamente se torna num egocentrismo, da alma e da mente. A simetria dos dois lados surge através da capa, branca em cima e preta em baixo. Mais uma vez, o bem e o mal... O belo e feio. O certo e o errado. Olha-se ao espelho e reflete. Olha para o lago e ao perceber a imensidão da sua beleza, esquece tudo à sua volta. Pessoas, animais e natureza - nada mais tem importância
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Egocentrismo
“MAS QUE BONITA QUE SOU- DISSE ELA.
-SOU LINDA. NUNCA TINHA PENSADO NISTO. NUNCA ME TINHA LEMBRADO DE ME VER!”
O egocentrismo, é o sentimento representado nesta peça vestível. O contraste e brilho das cores são elementos que compõem esta peça realizada com materiais leves e fluidos, representando a exuberância e e a luxuria. Com inspiração no conto “A fada Oriana” e nas formas assimétricas, observadas nos jardins da Pousada De Santa Marinha, concebeu-se esta peça que adquire uma volumetria acentuada na parte inferior, de forma a retratar o quão cheia de si Oriana se sentia.
Assim, a parte superior desta peça pretende representar toda a exaltação excessiva e toda a necessidade que sentia de se ostentar a si própria.
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Avareza
“ABANDONASTE OS HOMENS, OS ANIMAIS E AS PLANTAS. AS CRIANÇAS TIVERAM MEDO E TU NÃO AS CONSOLASTE, OS POBRES TIVERAM FOME E TU NÃO LHES DESTE COMIDA, OS PÁSSAROS CAÍRAM NO NINHO E TU NÃO OS APANHASTE, O POETA ESPEROU POR TI ATÉ ÀS DOZE BADALADAS DA MEIA-NOITE E TU NÃO APARECESTE.”
Como ja foi dito por montesquieu “a luxúria é como a avareza: aumenta a sua propria sede com a aquisição de tesouros.”
A ânsia de possuir aquilo que não é seu torna-se desmedida e fá-la assumir se como um conjunto de tudo aquilo que está junto a si!
A avareza é o sentimento retratado nesta peça que tomou para si as formas e materiais das que a rodeiam.
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Arrependimento
“HÁ COISAS MUITO MAIS IMPORTANTES DO QUE ESTAR BEM PENTEADA. TENHO DE SALVAR TODOS OS HOMENS, OS ANIMAIS E AS PLANTAS QUE VIVEM NA FLORESTA.
TENHO DE DESFAZER O MAL QUE FIZ”
As linhas do jardim da pousada de Santa Marinha e a inspiração no conto da fada Oriana, são influxo para todo este projeto. Podemos notar que é realizada sob uma estrutura de arame que se delimita pelo plástico que a envolve.
As técnicas têxteis que o compõem, como o endurecimento da gaze e das fibras têxteis tingidas retratam todo o sentimento de arrependimento de Oriana. O contraste entre claro e escuro juntamente com o contraste de opacidade conferem a esta peça, toda uma harmonia entre conceito e o material.
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Amor “...EU PROMETI TOMAR CONTA DA FLORESTA, RESPONDEU A FADA, E UMA PROMESSA É UMA COISA MUITO IMPORTANTE!”
O amor é um sentimento que não se expressa por palavras mas que se sente. Assim, a peça criada, através da sua forma, esconde a boca de maneira a realçar o sentimento na sua plenitude. A volumetria dada no seu lado esquerdo pretende enaltecer o facto de o coração se encontrar nesse mesmo lado. Apesar de todo o enredo, Oriana acaba por se revelar uma pessoa amável e preocupada com os outros. A cor branca desta peça representa toda a pureza deste sentimento |
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Grupo 2
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O Brilho da Noite Citadina Inspiradas no encanto dos brilhos da noite citadina pois Oriana fica fascinada pelas luzes da cidade. As violetas que são usadas pela fada para se ornamentar estão na capa que representa a maldade contrapondo com as flores “bondosas” tal como Oriana era no passado, um presságio de como ela voltará a ser altruísta e a deixar a vaidade de lado. |
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Beleza e Vaidade A beleza e a vaidade são conceitos interligados, a beleza externa e a vaidade interna. Na obra, a fada Oriana é traída pela sua própria aparência o que a levou à perda da coerência do seu pensamento. Mais tarde, Oriana, já não satisfeita com a sua beleza, começa a busca das mil pérolas para se enfeitar a si própria, para se tornar ainda mais bela.
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Narcisismo Uma peça autocentrada que reflete o carácter da Fada Oriana no momento em que esta toma conhecimento da sua beleza. As cordas simbolizam a prisão da fada ao encantamento da sua imagem refletida na água. Os ramos demonstram a sua anterior dedicação à natureza e aquilo que ela deixou para trás, o peso da consciência que cresce sobre si, mas de que ela não se apercebe, como que uma prisão que ela carrega. As pérolas representam o momento em que ela nega todas as suas tarefas para esperar pelas mil joias durante sete noites..
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Egocentrismo e Tentação Esta peça maioritariamente branca, com detalhes prateados e pérola transmitem uma ideia enganadora. Apenas o olhar aproximado vai dar a entender o que a peça pretende representar na realidade, um lado subtilmente malicioso e tentador. O grande ego crescente de Oriana é representado com a capa. Com formas naturais, reproduzindo os nós das árvores dos Jardins da Penha.
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Extravagância Oriana percorre o caminho do mal e esta viagem inicia-se na casa exuberante e luxuosa do homem rico. O vistoso, o exagero, o “dar nas vistas” transmitido pela forma extravagante. Os detalhes espelhados remetem para a prata e incorporam os Jardins da Penha na peça através do reflexo e a ligação de Oriana com a natureza.
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Sensualidade e Escuridão
Esta peça é inspirada no lado negro da Fada Oriana, no seu lado mau e no espaço físico dos Jardins da Penha. A escuridão transmite a solidão em que a personagem mergulha devido às suas escolhas. A sensualidade dada pelo espartilho de ramos de videiras remete para a própria Fada e a sua aparência.
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Grupo 3
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CONSEQUÊNCIAS DA VAIDADE
Tristeza, escuridão, miséria... A obsessão de Oriana levou ao declínio e morte da Natureza, que a via como protetora e o devido castigo foi aplicado.
As suas asas caíram, a sua varinha despedaçou-se e a rapariga que em tempos, tinha sido uma bela fada, foi obrigada a não passar de uma humana sem magia, para sempre julgada pelos seus erros
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ESPELHO
A perceção do seu reflexo despertou algo em Oriana de que nunca se tinha apercebido: a obsessão pela sua aparência.
A necessidade de satisfazer o seu ego e vício de se contemplar, levaram ao desprezo pelas suas responsabilidades para com a natureza, dando início a uma série de acontecimentos e desgraças que levaram ao seu declínio.
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PÉROLAS
Extasiada de narcisismo, a fada quebrou a sua promessa e tudo começou a descambar. Este momento da história coincide com a introdução do elemento “pérolas” ao enredo. As pérolas são símbolo de pureza e feminilidade, porém, neste caso são representadas como corrosão da pureza de Oriana e ostentação excessiva, realçando assim os defeitos que foi adquirindo.
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NATUREZA
“Durante a Primavera, a fada Oriana enfeitou-se com coroas e colares feitos de madressilva. Depois, no Verão, enfeitou-se com cravos, rosas e lírios. E no Outono enfeitou-se com folhas vermelhas de vinha. Mas quando chegou o Inverno só havia violetas.”
Assim, as flores não passavam de uma maneira de alimentar a sua necessidade de atenção e elogios vindos do peixe, contribuindo ainda mais para a sua obsessão.
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PEIXE
Quase como uma “voz do subconsciente” o peixe manipulou Oriana levando-a a passar todos os seus dias sentada à beira do rio admirando a sua aparência no reflexo da água. À medida que a história desenvolve, esta personagem demonstra ser o desencandador de egoísmo e obscuridade em Oriana. Sendo quem “cega” Oriana para o resto dos habitantes da Floresta prestando atenção apenas a si própria, nomeadamente à sua aparência
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Grupo 4
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Inocência
Inspirada na inocência de uma criança,na leveza de uma fada e no espirito da Natureza, esta peça reflete um ser livre, que abraça a essência e a beleza da vida.
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Encanto e Desencanto
Este objeto é inspirado na magia e na beleza de uma floresta, durante uma noite estrelada. Quando abandonada, perde todo o seu encanto, tornando-se obscura, misteriosa e sombria ...
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Bem e Mal
Este objecto foi criado com base numa carga antipática bem/mal, e dai surgiu a ideia de ligar ao Yin e Yang. O objecto boi inspirado neste ultimo símbolo, mais especificamente: no Yang (mandarim para sol), representante do bem, da energia e da luz,o lado positivo do universo.
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Vida e Morte
Este objecto é inspirado na natureza do Centro Cultural de Vila Flor, no qual está representado a vida e a morte através das flores que se vão desfazendo e as assas que se inspiraram nos ramos de árvores.
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Riqueza pobreza
O subtema riqueza-pobreza foi inspirado na arquitetura do Centro Cultural de Vila Flor em excertos do texto da Fada Oriana, em que a fada servia os pobres.
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Egocentrismo
Dada a referência textual e escolhido o espaço cultural, o grupo, decidiu concentrar-se em alguns conceitos que a história trata e liga-los ao espaço. Em relação a este, decidimos ir pelo lado de prisão, demonstrando que o egocentrismo nada mais é do que algo que nos leva a resumir-nos apenas a nós.
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Grupo 5
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“Oriana - disse a rainha das fadas -, entrego-te esta floresta. Todos os homens, animais e plantas que aqui vivem, de hoje em diante, ficam á tua guarda, tu és a fada desta floresta. Promete-me que nunca a hás de abandonar.
Oriana disse:
- Prometo.”
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“Não posso ir. Os homens, os animais e as plantas da floresta precisam de mim.” |
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“Mas mal voltava da cidade com a velha ia rapidamente para o rio, mirar a sua beleza e ouvir os elogios do seu admirador peixe.” |
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“As horas passavam e ela continuava conversando com a sua imagem.”
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“Oriana sentou-se no rochedo e esperou sete dias e sete noites. De vez em quando lembrava-se da velha, mas pensava:
- Com certeza que o peixe não se há de demorar. Ela nem vai dar pela minha falta. Conhece tão vem o caminho que, com certeza, não há de cair no abismo.”
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“Para salvar a velha, esquecendo-te de ti, saltaste no abismo. E o teu dó pela tua amiga foi tão grande que nem te lembraste de ter medo.” |