"O Olharapo"

O Projeto Interdisciplinar em Design I 2013/2014 ambicionava, com base em contos tradicionais portugueses, a construção de produtos performativos, que permitissem funcionar no todo ou em como identidade individual.
Neste sentido, cada aluno desenvolveu um módulo (volume equivalente a 2 m3), sendo os materiais/tecnologias de produção completamente livres e da responsabilidade dos grupos.
Pretendeu-se não só criar um trabalho pluridisciplinar que aplica o conhecimento de cada Unidade curricular, como a construção de uma consciência coletiva de identidade e cultura na construção de peças vestíveis, explorando a relação do corpo/movimento, as suas proporções e interações.

Como texto de referência foi fornecido aos alunos o conto d' "O Olharapo".


Construíu-se assim uma peregrinação interativa, ponto de partida para uma formação criativa e aberta aos sinais dos tempos. Com resultados surpreendentes...

 

Grupo 1 - O Milagre das Rosas
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  frio / calor
O facto da lenda se passar no inverno e sendo que nesta estação do ano não haja rosas, o frio é fundamental para dar a atribuição do estatuto de milagre a esta lenda
  pobreza / riqueza
Esta dualidade foi escolhida com o intuito de demonstrar o grande contraste vivido na época entre as classes sociais, nobreza e povo, diferença salientada na história.
  razão / paixão
Estes dois contrastes foram pensados pela forma como o rei observava e fazia para o bem-estar e a evolução do país, já a rainha em oposição, achava que a riqueza deveria ser distribuída por cada um.
  transformação / inércia
O grupo optou por este contraste pelo simples facto de que a transformação é o elemento essencial da lenda e, sem dúvida, o ponto alto que transmite a mensagem fundamental que é suposto que seja efémera.
  esconder / revelar
A escolha deste conceito baseou-se na ocultação levada a cabo pela Rainha Santa Isabel, que protagonizou um momento de transformação, ao esconder o ouro que levava aos pobres e após D. Dinis lhe pedir para revelar o que levara no regaço, o ouro agora dava lugar a rosas.

 

Grupo 2 - O Pinto Borrachudo
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  Rio
“(…) «ó rio! Arreda-te para eu passar».”
As pequenas, mas caudalosas ondas escorrem pela cintura derivadas da nascente, da fonte cristalina que se revolta a cada intimidante segundo.   
Um rio que fez o rei estremecer.
  Raposa
“(…) viu uma raposa no caminho e disse-lhe: «Deixa-me passar».”
Exageradas na forma e proeminentes no sentido, as orelhas e a cauda da raposa refletem, num só, uma astuta criatura da Natureza. A raposa, que mesmo matreira, foi ultrapassada.
  Pinheiro
“(…) encontrou um pinheiro e disse-lhe: «Arruma-te para eu passar».”
A vasta copa veste-se de lilás. Ousa pela frieza a que se associa. As folhagens abundantes preenchem a visão em camadas de história. Um estático pinheiro. Um ser vivo, que assoberba tantos outros. Mas não ao pinto, nem ao rei.
  Lobo
“Lançou fora o lobo e o lobo comeu os cavalos.”
Feroz e acutilante como os aguçados dentes. Vermelho e ardente como a boca ensanguentada da raiva a que se associa. A língua desenrola-se em aflição e fome. Um lobo, um selvagem cuja bocarra não é suficiente para aterrorizar um perspicaz pinto, ou fazer o rei retroceder.
  Coruja
“(…) lançou lá a coruja e ela bebeu o azeite.”
Os olhos penetrantes da sabedoria espelham a beleza da coruja nas suas penas vestidas. Um animal noturno, uma coruja cujos olhos não amedrontam o pinto, nem fazem o rei pestanejar de dúvidas.
  Rei
“(…) «Vou levar esta bolsa ao rei».”
A ganância veste-se de ouro e veludo numa representação da realeza. A coroa eleva-se ao mais alto patamar do poder e, em sinuosas linhas, abraça o corpo do rei. O rei que ordena a captura, mas também o rei que cede à perspicácia.


Grupo 3 - A Bela e a Cobra
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  Rosa
Primeira peça da coleção que representa a rosa no seu estado inicial, livre de impurezas.
  Presente Envenenado
Representa a rosa que, quando colhida, se encontrava, metaforicamente falando, coberta de picos.
  Ligação
Representa o envolvimento de Bela com a Cobra, o surgir de sentimentos mútuos e toda a ondulação presente no conto.

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  Libertação
Representa a libertação da Cobra, a supremacia da beleza interior fase à exterior.
  Metamorfose
É a peça final da coleção uma vez que retrata a transformação da Cobra em Príncipe, libertando-se da pele desta.

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Grupo 4 - Menino sem olhos
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  1º Momento
A pobreza, a fome, a ganância e a inocência. São sentimentos que marcam a alma e o rosto, que deixam marcas profundas e que provocam desgostos.
  2º Momento
Muitas vezes são aqueles que menos esperamos que nos enganam sem contarmos. Muitas vezes são os mais próximos que nos fazem sentir a maior prisão interior.
  3º Momento
Cada ser pode ser enganado e cada um pode tornar-se malvado, basta apenas ser enganado pela maldade e pelos insuportáveis.
  4º Momento
O recuperar da visão faz-nos ver quem verdadeiramente são aqueles que caminham na luz. A luz simboliza a paz e a visão pura.
  5º Momento
Quebrar os feitiços lançados tem a sua magia e o seu encanto. Vemo-nos presos ao mundo dos encantos e da magia, dos brilhos e da alegria.
  6º Momento
As recompensas são dadas pelas boas acções e por terem sido bem feitas. Essas recompensas são sempre momentos felizes e que despertam sorrisos.
  7º Momento
O perdão é a maior de todas as dádivas. Tanto se sente feliz quem perdoa, como quem é perdoado. E este sentimento, transmite paz interior a quem o usa sem maldade.

 

Grupo 5 - Boca do Inferno
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  Peça do Feiticeiro
Poder, arrogância, possessão... O retrato de um homem malévolo, dedicado à feitiçaria, detentor da lâmina de cristal de rocha, trunfo relevante no desenrolar da história. 
  Peça da Mulher
O modelo de uma personagem sedutora por natureza, feita prisioneira pela sua enorme beleza. 
  Peça do Cavaleiro
Objeto inerente à bravura e coragem de um cavaleiro cuja curiosidade o levou ao amor.
  Peça da Fuga
Revela a audácia da fuga movida pelo poder da paixão.
  Peça da Boca do Inferno
Cenário de um final trágico, onde predominou o ciúme e raiva de um homem rejeitado.